segunda-feira, 27 de junho de 2011

POEMAS DE SEGUNDA

DESENCONTRO - Carlos Rafael

Cansei-me de ti
Entristece-me perder o que nunca existiu,
mas não quero permanecer no que existe.
Dentro das muralhas da tua beleza
corre um rio de egoísmo
que já não consigo suportar.
Destruiste as margens da tolerância
e as águas começam já a inundar-me a dignidade.
Quem despejou esta arrogância na tua corrente?
És uma enxurrada violenta
que desagua no mar poluído da insensatez.
Tu, encanto interrompido pelo desnudar dos dias
que desenhou uma fé sombria nos meus sonhos
e incendiou de dor o horizonte.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

POEMAS DE SEGUNDA

Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Porque tão longe ir pôr o que está perto-
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

Ricardo Reis

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ACÇÃO CHERUB - Biblioteca Escolar


BIBLIOTECA ESCOLAR, 22 DE JUNHO, 14H.
PARTICIPA!!!



POEMAS DE SEGUNDA


As mãos - Manuel Alegre


Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Poemas de Segunda



José Carlos Ary dos Santos - Canção de Madrugar

De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei

Sei dos teus olhos acessos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri
E dei, dei...