Propomos que venham conhecer os jovens e as suas peripécias, fruto de uma mudança radical de vida.
Malas e malões
Sexta-feira, 29 de Junho
O inimaginável, o impossível, o ABSURDO aconteceu:
vamos mesmo amanhã para a quinta da avó Matilde!
A decisão foi dos meus pais, claro. SÓ dos pais, como
não podia deixar de ser... «A nossa família não é uma instituição
democrática, porque quem tem a responsabilidade da
decisão final é sempre a minoria: a mãe e eu», lembrou o
meu pai, com aquela cara de filósofo amador que ele faz de
pro pósito para me irritar (coisa em que consegue sair-se tão
bem como um profissional). E eu nem acredito que a minha
vida vai mudar assim, de um dia para o outro, sem que eu
possa fazer NADA!
Os meus irmãos também não podem fazer mais do que
eu para impedir esta tragédia. O Tomás está furioso... Acho
que nos próximos dias (meses?,... anos?...) vai andar insuportável,
mais do que costuma ser (o que pode parecer improvável,
mas não é). Ainda por cima, desde que fez 14 anos
que julga que é um homem! A propósito disto, já lhe disse:
«Adulto não sei se chegarás a ser algum dia, porque não sei
se é coisa que esteja ao alcance do teu cérebro alimentado a
cola gelada e pizas de atum. O que sei é que, para já, a ta9
refa de te transformares num verdadeiro homo sapiens vai
ser muito mais difícil do que para a maioria, simplesmente
porque tu só te ouves a ti mesmo, só te vês a ti mesmo, só
falas a sério com o botão das calças de ganga e és um inculto.
»
Quanto ao meu irmão mais novo, o Salvador, como
ainda só tem 11, pelo menos não tem a mania de que já é um
homem e ainda é possível falar com ele, de vez em quando.
Também não me pareceu propriamente radiante por irmos
viver para uma quinta que fica num lugar minúsculo e tão
in significante que mal se vê no mapa. No entanto, foi o úni -
co que animou os pais, o único que não se revoltou. O Salvador
(embora me custe admiti-lo) é, muitas vezes, o mais
sensato, o mais calmo, o mais racional de nós os três, conforme
a mãe já disse, ainda que não por estas palavras. Por
isso é que ela tem tanto orgulho nele, o que não faz questão
de esconder. Eu também tenho algum orgulho no meu irmão
mais novo, mas nunca me passaria pela cabeça dizer-lho.
Não quero que ele fique um convencido, que rapazes convencidos
já há de sobra...
Voltando ao assunto principal da minha vida neste momento
(sabe-se lá até quando...), eu sei que há coisas que
acontecem sem que tenhamos culpa. Sei isso perfeitamente,
porque sou adolescente mas não sou ignorante. O meu pai
não teve culpa nenhuma de a empresa onde trabalhou tanto
tem po ter falido. Também não tem culpa de ainda não ter
con seguido arranjar outro emprego, porque todos cá em casa
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sa bemos que, há quase 1 ano, ele não tem feito outra coisa
senão responder a anúncios dos jornais e aos que aparecem
na net à procura de um engenheiro com experiência.
Por outro lado, dá para perceber que não podemos continuar
a viver apenas com o ordenado que a mãe ganha na
loja de decoração, apesar de ela ser a gerente.
Sei tudo isto, mas não posso aceitar que tenhamos de ir
viver para a parvónia, para a terra dos bimbos! É uma solução
demasiado injusta! Vou ter de mudar de casa (de
quarto!!!!!), de escola, de vida! E os meus amigos?! Até
quan do continuarão a sê-lo? E as idas ao centro comercial
com a Leonor, a Vera e a Beatriz? E os jantares que fazíamos
no chinês ao pé de casa? E as festas de sábado na garagem
de casa da Leonor? E os meus primos, que vou deixar de ver
por não sei quanto tempo?!
É INDECENTE!
Tenho 13 anos. Não estou preparada para deixar de ser
quem fui até agora e transformar-me numa gata-borralheira
de meia-tigela, remelosa e deprimida, a viver numa vila no
fim do mundo, onde só fui quando ainda andava no jardim-
-de-infância e, depois, só há 2 anos, quando o meu avô morreu.
Aliás, nesse dia, nem chegámos a ir à quinta, porque só
houve tempo para ir à Missa e ao funeral.
Li há uns tempos, numa revista que havia em casa da
Vera, que há crianças e jovens que começam a gaguejar ou
a ter tiques nervosos quando sentem mudanças bruscas na
sua vida. Só me faltava apanhar tiques nervosos!!!!
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Até não me custa perceber que a minha avó, que finalmente
pôde fazer as pazes com o único filho que tem, queira
ajudar-nos, oferecendo-nos um lugar na quinta dela e da
irmã (e que, um dia, será do meu pai). No fundo, é bom saber
que alguém na família quer mesmo apoiar-nos da forma que
pode, mas, apesar de saber isto, é horrível pensar que vou
ter de deixar quase tudo o que conheço para começar uma
vida completamente nova, num lugar onde quase ninguém
me conhece.
Bem, pelo menos, levo-te comigo, diário. Sempre poderei
desabafar quando quiser (e tenho o pressentimento de
que vai ser muito mais do que até este momento)...
Agora, tenho de ir acabar de fazer as malas... Que seca!
Só agora começo a perceber que tenho coisas a mais...
* * *
Para conversarem mais à vontade, Lídia convidara
a cunhada para um café, depois do almoço, em sua
casa.
Em vésperas de partida para o Norte do País, Madalena
não quis deixar de ir despedir-se pessoalmente
da mulher do seu único irmão. O casal estava separado
quase há um ano, mas ainda não se tinha decidido
pelo divórcio. De qualquer forma, Madalena
sem pre se dera bem com Lídia, apesar das diferenças
de feitio, e eram amigas. Não queria que os laços de
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família se perdessem e, mesmo passando a viver lon -
ge, não pretendia de modo algum afastar-se de Paulo,
seu irmão, de Lídia e dos dois filhos de ambos, Sara e
Duarte. A Sara era sua afilhada e tinha 13 anos, como
a Filipa. O Duarte era apenas um ano mais novo do
que a irmã, com quem andava permanentemente em
lutas que nenhum vencia...
— Não sei como consegues estar tão descontraída,
Madalena! Vais mudar muito de estilo de vida, vais
mudar de casa e estás aí com esse ar tranquilo! Eu estaria
à beira de um ataque de nervos...
Madalena sorriu, depois de um gole de café.
— Ora, não serve de nada enervar-me. De resto,
não estou assim tão tranquila como tu dizes. Sei que
vão ser muitas mudanças, sem dúvida.
— Não quero ser alarmista, mas deixares de ter a
tua casa para ires viver na da tua sogra é uma dose de
leão... Eu acho, ou melhor, tenho a certeza de que não
me daria bem.
— A minha casa é onde estiverem o meu marido e
os meus filhos, Lídia. A quinta é grande e a casa também.
Haverá espaço para cada um de nós, sem atropelos.
Claro que vou ter de me adaptar à ideia de que
não serei eu a decidir algumas coisas do dia-a-dia
como por exemplo o que será o almoço ou se está na
hora de mudar o cortinado da sala, mas isso será um
mal menor.
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Lídia ficou pensativa. A cunhada era uma mulher
forte e corajosa. Lembrou-se, então, da situação que
dera origem àquela mudança e perguntou:
— Está mesmo difícil arranjar um emprego, não é?
— O Fernando tem tentado, mas não tem conseguido
nada. Uns dizem que ele tem currículo a mais,
outros pretendem alguém que tenha trabalhado noutro
ramo, outros ainda querem alguém mais novo...
Mas já passámos a fase de nos lamentarmos. Chegou
a hora de mudarmos e, felizmente, abriu-se-nos uma
porta. Uma porta que não podemos desprezar.
— Mas tu mal conheces a tua sogra, não é, Madalena?
O teu sogro viveu metade da vida de relações
cortadas com o Fernando...
— Metade da vida não. Foram nove anos. Nove
lon gos anos... Graças a Deus, fizeram as pazes antes
de ele morrer, o que deixou o Fernando muito alivia -
do. A minha sogra bem gostava que eles se tivessem
entendido mais cedo, mas não foi possível... Acho que
ela também sofreu bastante por não ter podido conviver
com o filho durante tanto tempo. Além disto,
custava-lhe imenso não poder ver os netos crescer,
con forme nos disse, na semana passada, quando o
Fernando e eu fomos lá a pedido dela para conversarmos
sobre tudo isto. E eu acreditei nas palavras
dela. Achei-a sincera e afável.
— Pelo menos agora vai poder estar com os netos!
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Já não são crianças, mas parece-me que ainda vão
apre ciar muito os mimos de uma avó, principalmente
o Salvador, não é?
Madalena riu-se.
— Guloso como ele é, não vai resistir aos doces da
tia Luísa!
— Ah, pois, a tia do Fernando chama-se Luísa. Ela
é mais nova do que a irmã, não é?
— Só dois anos. Fez sessenta e oito, mas tem uma
vitalidade impressionante! Recebeu-nos com um bom
humor que aliviou uma parte do peso que sentimos
nos primeiros minutos naquela sala antiga, cheia de
fotografias a olharem-nos de todos os lados.
— Quer dizer, então, que a quinta dos pais do Fernando
é governada pela mãe e pela tia. Não sei como
se aguentam sozinhas!
— Bem, a verdade é que não estão sozinhas. Ao
lado da casa há uma mais pequena, dos caseiros, um
casal que vive lá com os netos e que dá apoio na
quinta e nos trabalhos domésticos. Por outro lado, a
minha sogra e a irmã estão habituadas a viver na
quinta, gostam do campo, dos animais…
— Desculpa a franqueza, mas parece-me que
aquilo deve ser uma pasmaceira, Madalena...
— De certa maneira é; mas ali há sempre muito
que fazer. No pouco tempo que lá estive, percebi que
aquelas almas não param um segundo, sobretudo a
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tia Luísa e os caseiros. E depois há a vila, que fica
muito perto, nem chega a três quilómetros.
— E que tal é essa vila? Na última vez que falámos,
fiquei com a impressão de que é mais civilizada do
que eu imaginava.
— Bem, de facto, tem havido por lá vários progressos,
segundo o Fernando, que ficou surpreendido
com as novidades que encontrou: um supermercado,
um cineteatro acabado de reconstruir, uma piscina
mu nicipal, uma biblioteca nova...
— E hospital, tem? É que eu não conseguiria ir vi ver
para uma terra sem hospital, levando os meus filhos
comigo! O Duarte já me pregou sustos que só visto!
— Eu sei... Mas a vila tem um centro de saúde.
Claro que para certos exames médicos e intervenções
cirúrgicas mais complicadas é preciso ir ao hospital da
Guarda, que é o que fica mais perto, ou então a Viseu.
Segundo me disse a minha sogra, há lá na vila um médico
muito atencioso que faz consultas domiciliárias
quando é preciso.
— E a escola para os teus filhos? Sempre vão matriculá-
los lá ou vão pô-los no tal colégio da cidade
mais próxima?
— Resolvemos que eles podem perfeitamente continuar
a estudar numa escola oficial. Os colégios particulares
são caros e nem por isso têm professores mais
competentes. É nisto que acreditamos. De maneira
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que o Tomás vai fazer o nono e a Filipa o oitavo na secundária
da vila, que também tem o terceiro ciclo.
O Salvador tem de ir para uma escola mais antiga e
mais pequena que só tem o segundo ciclo, visto que
passou agora para o sexto ano.
— Espero que se adaptem bem às novas escolas...
— Hão-de adaptar-se! São jovens, e os jovens
cos tu mam aprender depressa a lidar com situações
novas. Isso não é coisa que me preocupe, Lídia. A princípio
vão estranhar um pouco, claro, mas acredito que
não terão dificuldades em fazer amigos, sobretudo o
Salvador e o Tomás. A Filipa, como sabes, costuma ser
mais reservada...
— A tua filha ainda vai ser uma poetisa ou uma filósofa
que me há-de encher de orgulho – disse Lídia,
que era a madrinha da Filipa.
— Também acho! Pelo menos, já tem um diário
para ir treinando a escrita...
Lídia fez uma expressão triste e contou:
— Sabes com certeza que os meus filhos vão ter
imensas saudades dos teus... Ontem, a Sara esteve a
choramingar no quarto dela, que eu bem a ouvi de
noite... E o Duarte vai sentir muito a vossa falta, principalmente
do Salvador.
— Eu calculo que sim... É normal ter saudades dos
primos! É, aliás, bom sinal! – exclamou Madalena,
sem pre optimista. – Temos de os ajudar a perceber que
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ninguém tem de deixar de ser amigo por ir morar para
outra terra, não é verdade? De comboio, os teus filhos
podem pôr-se lá em três horas e meia, e a estação fica
a poucos minutos da quinta. Nas férias, tenho a certeza
de que hão-de gostar de ir lá passar uns dias.
Além disto, tenho a certeza de que vão comunicar-se
bastante pela internet... Se já o faziam cá!...
Lídia acenou afirmativamente com a cabeça. Bem
sabia como as palavras da cunhada eram verdadeiras.
Os filhos passavam a vida agarrados ao computador...
— Tira mais uma fatia de tarte, Madalena!
E a conversa prolongou-se um pouco mais. Tão
cedo não teriam oportunidade de um convívio assim...
* * *
Os três irmãos passaram o jantar quase em silêncio
absoluto. Apenas os pais conversaram, procurando
dizer coisas animadoras e lembrando que não era preciso
afligirem-se se deixassem alguma coisa esquecida,
porque o pai teria de voltar à antiga casa, na
se mana seguinte, para tratar de assuntos pendentes.
Só mais tarde pensariam em vender a casa de Lisboa,
porque esse era um assunto que requeria tempo e reflexão.
Na verdade, nenhum dos filhos conseguiu estar
atento ao que foi dito à mesa. Cada um estava metido
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consigo, pensando na viagem do dia seguinte e no que
deixavam para trás... Pensando em tudo o que não podiam
levar nas maletas, malas e malões, como por
exemplo os amigos...
A certa altura, o Tomás saiu da sua concha e,
com um ar profundamente trágico e voz cavernosa,
declarou:
— Espero mesmo que tu e a mãe saibam o que
estão a fazer, porque eu continuo a achar que vai ser
com pletamente impossível viver naquele lugar.
Fernando olhou para ele e, com uma expressão
enigmática, respondeu:
— «Todas as coisas são possíveis para quem se
atreve...»
— Quem foi que disse isso? – quis saber o Salvador,
comendo o último gomo de tangerina.
— Foi Cassius Clay.
— Esse não é um daqueles santos que tu costumas
citar – observou o mais novo da família.
Fernando riu-se.
— Cassius Clay era o nome do maior pugilista de
sempre! O craque dos pesos-pesados! Um colosso!
— Era o nome dele? Já não é?! – estranhou o
Salvador.
— Mudou de nome porque se converteu ao Islamismo.
Quis passar a chamar-se Mohamed Ali.
O Tomás abanou a cabeça.
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— Eu cá, já que vou mudar-me para a Bimbolândia,
acho que também podia mudar de nome – interveio a
Filipa, muito amargamente. – Não é o mesmo que
mudar de religião, mas também é uma mudança radical,
não é verdade? De hoje em diante, podem
começar a chamar-me Migrante, que até soa bem,
não acham? Migrante Neves Dias. Fica giro, não fica?
É tão... original, não é?...
— Vai acabar de fazer a tua mala, Filipa, que és a
única que ainda não terminou essa tarefa – sentenciou
a mãe, para que os ânimos não se exaltassem.
A Filipa obedeceu em silêncio, enquanto o Salvador
pedia para usar o telefone de casa pois queria despedir-
se do primo.
— Outra vez? – perguntou-lhe a mãe. – Mas quantas
vezes é que tu queres despedir-te do Duarte, filho?
Ainda ontem falaste com ele...
— Eu não me demoro muito, mãe – prometeu o
Salvador, enquanto ia buscar o telefone portátil de
casa.
Pouco depois, ao telefone com o primo, o Salvador
desabafou:
— O jantar foi cá uma seca!... Acho que nunca estivemos
calados tanto tempo em toda a vida! No fim,
o Tomás mandou uma boca e a Filipa pôs-se a dizer
que vai ser emigrante ou migrante ou lá o que é, porque
vai viver na Bimbolândia...
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— Bimbo... quê?! – perguntou o primo, rindo-se à
gargalhada.
— Bimbolândia. Foi esta a palavra que ela usou.
Já deves imaginar a cara do meu pai quando a ouviu
dizer aquilo... É que o meu pai viveu lá até aos dez
anos, Duarte...
— O que é uma esperança para vocês, quero dizer:
se ele viveu lá dez anos e ficou normal, acho que tu, a
Filipa e o Tomás não devem desesperar.
— Iá. E nem ‘tou nada desesperado. O Tomás e a
Filipa é que vão desatinar, ou melhor, já desatinaram...
Aliás, a Filipa anda a desatinar por tudo e por nada,
como já deves ter reparado...
— Bem, mas o Tomás sem ondas para surfar vai
mesmo odiar a tal Bimbolândia – comentou o Duarte,
rindo-se. – E lá, por aquilo que o teu pai contou uma
vez, só há uma ribeira, não é?... Não costuma haver
altas ondas nas ribeiras... Quanto à tua irmã, desatina
porque entrou na adolescência. Eu, no ano que vem,
também devo desatinar bastante, porque é a minha
vez de fazer treze. Toda a malta que faz treze anos,
zás!, desatina. É mesmo assim, segundo me disseram.
Deve ter a ver com o número treze... azar..., embora
eu não tenha a certeza de acreditar nessas tretas.
Tu tens sorte: ainda só tens onze.
— Pois, mas, de qualquer maneira, acho que vou
ser sempre mais ou menos como sou agora. Não ten21
ciono mudar muito. O que eu quero dizer é que,
quando fores visitar-me lá à quinta da minha avó, vais
reconhecer-me, não te preocupes. E, por falar nisto,
quando é que pensas poder ir até lá? Estou a contar
contigo já para as férias do Natal!
— Ainda não posso dizer-te nada sobre isso, Salvador.
Mas, como sabes, o Natal tem de ser com os
pais... Ora, como os meus continuam separados, vou
ter de ficar por cá e passar uns dias com cada um
deles, o que é que se há-de fazer?...
— Então isso significa que só vais lá passar uns
dias connosco nas férias da Páscoa? Fogo! Ainda falta
tanto tempo! Se calhar, na próxima vez que te virmos
já tens bigode!
— Espero que não passe assim tanto tempo, meu!...
– disse o primo. Depois, no intuito de o encorajar,
acrescentou: – A gente vai-se mailando para contar
as no vidades, que sempre é mais barato do que o
telemóvel...
— Por falar em mails, espero que o meu pai, quan -
do tiver dinheiro, compre mais um computador para
nós, porque só um para nós os três é sempre aquela
paranóia... Bom, mas agora tenho de desligar, que a
minha mãe não quer que eu demore muito tempo ao
telefone. Acho que ainda tem umas chamadas para
fazer.
— Tchau, Salvador. Boa viagem! Depois, diz qual22
quer coisa sobre como é viver na pré-história: se, por
lá, já descobriram o fogo, se já inventaram a roda...
Pode ser que ainda encontres um ovo de T-Rex debaixo
de um pedregulho bué antigo da quinta e fiques
superfamoso! Sim, porque, com alguma sorte (e tu és
um sortudo), pode ser que descubras um dólmen no
meio das árvores do quintal! Já ‘tou a ver nos telejornais:
«Salvador Dias, grande cientista, dá uma nova
oportunidade a dinossauros»...
— Quem sabe?... Depois, conto-te – respondeu o
Salvador, com um sorriso. – Tchau, Duarte. Dá uns
mergulhos por mim, quando fores à praia.
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